Um dos conceitos mais importantes para compreender o comportamento é o de reforçamento. O reforço é, basicamente, tudo aquilo que aumenta a probabilidade de um determinado comportamento voltar a ocorrer no futuro. Então, se você agiu de determinada forma para alcançar um objetivo e com isso obteve sucesso, dizemos que essa sua ação foi reforçada. Isso quer dizer que se torna mais provável que no futuro você aja assim novamente em uma situação parecida.
O reforço é o que poderíamos chamar de recompensa por um determinado comportamento emitido. Ou seja, você se comporta geralmente com o intuito de obter algo (por exemplo, você estuda para tirar uma boa nota na prova). Se no meu exemplo, depois de ter estudado, você tira uma boa nota, você obteve o reforço.
Desse modo, da próxima vez que você tiver que fazer uma prova, é mais provável que o seu comportamento de estudar se repita, por que você aprendeu que este comportamento aumenta as suas chances de conseguir o reforço: tirar uma boa nota. Quanto mais situações desse tipo se repetem, mais forte fica a relação de reforçamento entre elas.
O reforço é, portanto, um tipo de consequência do comportamento, a qual aumenta a probabilidade de ele voltar a ocorrer. É sempre importante ressaltar o caráter probabilístico do comportamento, já que outras variáveis podem estar envolvidas. No exemplo da prova, a pessoa pode não repetir o comportamento de estudar na próxima ocasião. Pode ser que ela não tenha aprendido ainda a relação entre estudar e tirar uma boa nota (neste caso, ela precisaria de novas exposições a esta contingência até o comportamento ser selecionado/aprendido); pode ser também que ela tenha mais dificuldade com a nova matéria (neste caso, o custo da resposta de estudar seria maior e isso pode diminuir o engajamento da pessoa na atividade); pode acontecer ainda de no momento de estudar para a nova prova outras variáveis mais reforçadoras estejam presentes (um convite pra sair, a nova temporada da série preferida da pessoa, ela descobriu um jogo novo do qual gostou muito, a matéria dessa prova não é tão interessante para a pessoa, etc); existe ainda a questão do autocontrole (mas esse é assunto para um outro texto); isto só pra citar alguns exemplos.
Tudo isso torna o comportamento probabilístico. Para aumentar essa probabilidade é necessário observar também estas outras variáveis que estarão atuando no momento e o quanto elas podem ser reforçadoras e por isso concorrer com o comportamento que queremos que aconteça (no caso do exemplo, o comportamento de estudar).
É dessa forma que aprendemos novos comportamentos. Todos os comportamentos operantes (aqueles que produzem uma alteração no ambiente) são aprendidos dessa forma. Temos uma situação onde o organismo emite um comportamento e produz alterações no ambiente. Se essa alteração aumenta a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer, dizemos que houve uma contingência de reforçamento.
Até mesmo aqueles comportamentos disfuncionais ou prejudiciais estão sendo mantidos por algum tipo de reforço. Imagine uma criança que faz birra para conseguir as coisas. Cada vez que ela faz birra (comportamento) e recebe dos pais o que ela quer (consequência), aumentam as chances (probabilidade) de na próxima vez que ela queira algo, ela se comporte da mesma forma. Quanto mais vezes essa relação acontecer, mais forte ela se torna e também mais generalizada. Por exemplo, a criança de faz birra em casa na presença da mãe, pode começar a fazer birra em outros ambientes fora de casa quando a mãe estiver presente. Ela também pode começar a fazer birra na presença de outras pessoas que poderão reforçar ou não esse comportamento.
Se essas outras pessoas (pai, tios, avós, por exemplo) também atenderem à criança no momento da birra, elas estarão também reforçando esse comportamento e contribuindo para o que a gente chama de generalização. Ou seja, a criança passa a fazer birra não só na presença da mãe, mas dessas e de outras pessoas com o mesmo objetivo de conseguir o que deseja. Caso essas pessoas não atendam a criança, acontecerá a discriminação. Isso explica por que muitas vezes uma criança faz birra na presença da mãe, mas não faz na presença do pai, por exemplo. Ela aprendeu que com a mãe ela pode conseguir o reforço se fizer birra, mas com o pai ela não conseguirá e poderá até mesmo receber uma punição caso se comporte de forma birrenta.
Muitas vezes não conseguimos identificar essas relações nos nossos comportamentos. A mão da criança do exemplo pode não estar ciente de que seu comportamento de atender à criança durante a birra está reforçando o comportamento dela de fazer birra.
Na terapia Analítico-comportamental, existem vários meios de lidar com esse conceito de reforçamento para promover comportamentos mais assertivos para o/a cliente. Um deles é o/a terapeuta junto com o/a cliente identificarem quais reforços estão mantendo os comportamentos-alvo da terapia. Desse modo é possível agir sobre essas consequências para modifica-las e assim, outros comportamentos mais assertivos podem ser aprendidos.
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Karlos Ruan Barbosa Freire
Psicólogo – CRP 11/13880
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