Olá pessoal, como vocês estão?
Espero que estejam bem, por que
eu quero falar com vocês de um assunto muito sério!
Meu nome é Ruan, eu sou psicólogo
e hoje vamos falar sobre Ansiedade. Mas não a ansiedade patológica. Embora eu
pretenda abordar transtornos de ansiedade em outros momentos com vocês, por
hora eu gostaria de falar sobre a ansiedade como um conjunto de comportamentos
que poderíamos chamar de “normal” ou “natural”.
Mas aí você vai me perguntar,
poxa Ruan, mas como assim pode ser normal se sentir ansioso? Calma. Primeiro
vamos entender o que é a ansiedade e de onde ela vem. Precisamos compreender
essa emoção como um padrão de comportamentos presente não apenas na espécie
humana, mas também em outras espécies animais.
A Ansiedade nada mais é do que um padrão de comportamentos
selecionados na história de vida da espécie por sua importância para a sobrevivência
da mesma. Olha só: vocês devem ter ouvido falar de Darwin e da Seleção Natural,
ne?
Então, basicamente, esta teoria
fala sobre a sobrevivência do mais adaptado. Ou seja, os indivíduos daquela
espécie que melhor se adaptarem ao ambiente onde vivem terão maiores chances de
sobreviver... consequentemente, maiores chances de se reproduzir e passar seus
genes adiante. Essas tais características também são passadas adiante a medida que
mais indivíduos com essas características adaptativas sobrevivem e se
reproduzem.
Isso significa dizer que hoje nós
somos o que somos por que no passado, nossos ancestrais que possuíam
determinadas características conseguiram sobreviver e passar seus genes
adiante, daí nós herdamos enquanto espécie uma série de comportamentos que
vamos chamar de reflexos, mas não só! Também nossas características físicas
passam por essas transformações pelo mesmo motivo de adaptação – ou de atração
sexual, se essa característica não competir com a adaptação. Aquilo que não é
útil, tende a desaparecer ao longo das gerações – como alguns de nossos dentes,
por exemplo. Já o que é útil vai se aperfeiçoando, como nosso cérebro, visão,
postura, polegar opositor, etc...
Onde entra a ansiedade nisso
tudo? É importante dizer antes de mais nada que a ansiedade está relacionada
com outra emoção: o medo. Esta emoção, claramente foi selecionada por questões
de sobrevivência. O medo acontece diante de uma ameaça que se apresenta no
ambiente. O organismo é então impelido a se preparar para reagir diante dessa
situação de ameaça.
Imagine você que os primeiros
seres da nossa espécie se desenvolveram e viveram por muito tempo em um
ambiente muito mais hostil do que o que vivemos hoje. Aqueles indivíduos que
tiveram reações de medo diante de uma ameaça, seja para atacar ou para fugir
dessa ameaça, tiveram mais chances de continuarem vivos.
A ansiedade, diferente do medo,
não acontece diante da ameaça ali presente, mas pelo anúncio dessa ameaça. Ela
é a sinalização de que uma situação prejudicial para o indivíduo pode ocorrer.
Isso quer dizer que se sentir ansioso diante de uma situação específica (que
gere algum tipo de aversividade para a pessoa) é uma condição que passou por um
aprendizado. O organismo, neste caso, tem aprendido que aquela situação
específica é aversiva, representa uma ameaça.
A ansiedade, por sua vez,
tornou-se adaptativa a medida que estar atento e se preparar para o perigo
antes mesmo que ele se apresente também favoreceu a sobrevivência desses
indivíduos. Ou seja, aqueles indivíduos ansiosos, que estavam preparados para
uma possível ameaça tinham mais chances de reagir caso ela aparecesse.
Até hoje a ansiedade é um
comportamento adaptativo se pensarmos, por exemplo, que é ela que te faz olhar
pros lados ao atravessar a rua, ou te faz estudar com antecedência para uma
prova difícil.
Há sobre a ansiedade, porém uma
característica importante que é a desproporcionalidade dela em relação a ameaça
futura. Ou seja, a emoção é forte demais ou longa demais para uma situação que
não oferece tanto perigo. Mas se não oferece tanto perigo, então por que eu não
consigo controlar minha ansiedade muitas vezes?
Lembra que a gente falou sobre
comportamentos reflexos lá atrás? Então, a maioria desses comportamentos são
inatos, ou seja, eu enquanto indivíduo não preciso aprendê-los, pois se tratam
de uma programação mínima que cada espécie possui para que seus indivíduos
comecem a interagir com o ambiente e assim terem chances de sobreviver.
Sempre envolve a sobrevivência,
óbvio! Cada espécie vai ter comportamentos reflexos específicos de acordo com
as demandas adaptativas do ambiente onde seus indivíduos vivem. Comportamentos
reflexos não dependem da nossa vontade para acontecer. Se trata de uma relação
estímulo–resposta. Ou seja, sempre que determinado estímulo é apresentado,
determinada resposta (comportamento) irá ocorrer. Emoções como o medo estão
ligadas a comportamentos reflexos. Por exemplo, você se assusta e sente medo
diante de um barulho estridente. Não é algo que você controla. Sua pupila
dilata no escuro e se contrai na luz também sem que dependa da sua vontade.
Existe, porém, uma maneira de
aprendermos novos reflexos. Que é o Condicionamento Pavloviano. Mas isso é
assunto para um outro vídeo. Entendam apenas que é através desse
condicionamento que situações que antes não eliciavam uma reação específica
passam a eliciá-la. Isso explica, por exemplo, você sentir raiva diante de
situações específicas. Note que essas situações podiam ser neutras para raiva,
mas passaram a eliciar comportamentos de raiva em você em determinado momento
na sua história de vida – Condicionamento Pavloviano.
É esse aprendizado que faz com
que situações que antes não te causavam raiva, passem a causar... Situações que
antes não te causavam medo, passem a te causar... da mesma maneira acontece com
a ansiedade. Há sempre um estímulo no ambiente que desencadeia todas as reações
que chamamos de ansiedade, mesmo que a pessoa não perceba – e geralmente não
percebe mesmo.
Mas até aí pode não haver
problema. É natural nos sentirmos ansiosos diante de várias situações
cotidianas. E isso não necessariamente é um problema ou pode não vir a ser um
problema. Se você consegue desenvolver suas atividades sem nenhum prejuízo e se
essas sensações não ocupam uma parte considerável do seu tempo ou ainda se não
causam para você um sofrimento substancial, não há com o que se preocupar.
É claro que há maneiras de se prevenir e de melhor lidar com os sintomas da ansiedade, seja ela normal ou patológica. Mas isso é assunto para os próximos textos. Deixe abaixo o seu comentário e me conta se você gostou desse assunto e se quer saber mais!
Karlos
Ruan Barbosa Freire
📌 Psicólogo – CRP 11/13880
📱 (88) 99253 2064
📧 karlosruan@gmail.com
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